26/02/08

Os homens do banco

Este artigo faz parte de um documento técnico de 1987 do Clube Atlético de Queluz, é um dos meus preferidos e por isso resolvi partilhar com toda a gente que visita o blog.

"São sempre necessários mais do que cinco jogadores para fazer de uma equipa campeã. Os chamados ao cinco inicial podem vencer determinado jogo, mas são necessários todos os jogadores da equipa para levar a equipa até à vitória final do campeonato. A equipa é realmente como um Iceberg. Nós olhamos para os cinco que começam, mas por trás de todos está aquela grande base, o resto da equipa.
Eles são a parte da equipa que edifica o carácter de um campeão. Quanto mais dedicados forem os homens do banco, quanto mais eles trabalharem, mais eles empurram e fortalecem os cinco que começam, mais elevam o Iceberg para a zona da água, e quanto mais ele se eleva, mais fortalece a equipa.
Se ele desiste, não se entrega na totalidade, ou se acomoda à sua situação, vai corroendo esta grande base e corrói-se o espírito de equipa. Ele contribui para os erros em jogos que se resolvem por um ponto, por parte dos erros que se cometem naqueles fatídicos minutos com o grande rival, ele contribui para o esforço necessário para recuperar os dez pontos de atraso em certos jogos do campeonato. E no entanto, estes jogadores de banco têm de estar ali – OLHANDO, ESPERANDO, COM ESPERANÇA, AGONIZANTES por vezes – pela oportunidade de usarem a sua capacidade específica para melhorar o esforço da EQUIPA, para tornar mais forte a base desse Iceberg – Para ajudar a construir a força de carácter da equipa. SIM, AGONIZANDO, porque ele sabe que há sempre uma hipótese de não ser chamado por não ser o jogador indicado para quebrar uma pressão defensiva, ou também sabe que pode ser o grande homem chamado a substituir o grande jogador que está dentro do campo mas hoje não consegue ajudar a equipa.
Ele não deve sentir-se magoado, mas tem que trabalhar duas vezes mais intensamente que os outros, para poder estar física e tecnicamente apto para jogar em qualquer partida. Por ser ele o homem do banco, que demonstra aos espectadores que a equipa tem espírito.
Mas mais importante, deve ser todo o BANCO a dar o apoio que o jogador precisa quando no calor do jogo, quando nos sentimos magoados, sem respiração, a arder por dentro, a dar aquele empurrão, aquele entusiasmo, aquele apoio e o amor necessário para se fazer uma grande partida e virar o jogo para uma vitória de TODA A EQUIPA.
Quando acabar o jogo, terminar a época e todos os adeptos e a imprensa falarem do topo do Iceberg, as estrelas e os heróis, os jogadores saberão dizer que o grande vencedor foi a EQUIPA, todo o Iceberg, em especial a base – os HOMENS DO BANCO – que fizeram o carácter, construíram o seu espírito na alegria da vitória, no amargo da derrota, no sofrimento, no esforço dos companheiros, treinadores e dirigentes, levando a Equipa a vencer todos os obstáculos.”

Espero que tenham gostado, pois é uma boa mensagem.
Obrigada a todas as atletas que sentem na pele o que é estar no banco e mesmo assim, não desistem de lutar.

05/02/08

Uma derrota que uniu mais a equipa

Apesar do mau resultado da equipa no último jogo da fase final regional em Mafra, contra o Algés que nos colocou no lugar de vice-campeões distritais de Lisboa, a equipa não se deixou ir abaixo.
A equipa não entrou bem no jogo, fez uma percentagem de lançamentos das mais baixas da época e não teve argumentos para o contra-ataque fortíssimo da equipa adversária que aproveitou todos os nossos erros. No entanto, após o intervalo a equipa recuperou a força e a vontade de ganhar e ainda conseguiu uma recuperação de 22 pontos, não sendo no entanto, suficiente para arrancar a vitória.
Depois das lágrimas que rolaram em algumas das simecquinhas, ficou a vontade de continuar a trabalhar para que a próxima fase corra melhor. Neste momento a equipa está mais unida que nunca e já está concentrada em melhorar a sua prestação em campo.
A próxima fase tem lugar já no próximo dia 16 ou 17 de Fevereiro, curiosamente frente ao Algés, em casa, a contar para o Campeonato Nacional de Sub-16 fem.
Vamos fazer de tudo para não voltar a cometer os mesmos erros e proporcionar um grande momento de basquetebol.
Para isso conto com todas as atletas nos próximos treinos.
Atitude, garra, esforço são algumas das palavras de ordem.
Força Simecquinhas! Ao trabalho!!!

Como podem os treinadores intervir junto dos pais?

Este texto que vou partilhar com todos vocês é retirado do livro: Treino de Jovens: O que todos precisam de saber! - cujos autores são os professores Jorge Adelino, Jorge Vieira e Olímpio Coelho.

"Muitas vezes os pais, porque fazem do sucesso dos filhos uma questão de afirmação pessoal, tornam-se tão emocionalmente empenhados na prática desportiva destes que a sua intervenção se torna desajustada, negativa e prejudicial.
O que pode o treinador fazer para contrariar o empenho emocional exagerado dos pais e para os persuadir a assumirem comportamentos e atitudes adequadas?
Em primeiro lugar intervindo de forma indirecta:
a) Não sendo ele próprio o fomentador de tais atitudes, como infelizmente muitas vezes se observa. A mudança de atitude dos pais deve começar pelo exemplo do treinador;
b) Actuando junto dos praticantes os quais, naturalmente, veiculam até aos pais informações relativas aos procedimentos do treinador, assim como lhes fazem chegar os documentos escritos por ele entregues, como por exemplo o programa de treinos e competições ou a definição das regras de participação na equipa.

Em segundo lugar actuando junto dos pais, privilegiando a informação directa e o diálogo, quer recorrendo ao contacto individualizado quer à realização de reuniões formais com todos os interessados.
Aqui importa ter ideia daquilo que, em geral, os pais querem saber da parte dos treinadores.
De acordo com o treinador de Basquetebol norte-americano Freddy Johnson, os pais dos praticantes esperam que o treinador dos seus filhos lhes dê respostas adequadas sobre as seguintes questões:
- a filosofia que vai seguida na vida da equipa;
- as expectativas que o treinador cria à volta da participação do seu filho;
- o local e o horário de treinos e competições;
- as regras de participação na equipa (n.º de treinos semanais, equipamento, actividades nas férias, compromissos e quebra das regras estipuladas);
- o acompanhamento em casao de lesão.
Martin Lee (1993) apresenta uma lista de conselhos que julga ser conveniente fazer chegar aos pais dos praticantes desportivos mais jovens. Segundo este autor, os pais devem pois:
- ir ver as competições das equipas em que os filhos participam;
- encorajar o respeito pelas regras;
- dar o exemplo de uma relação amigável com os pais dos adversários;
- realçar sempre a importância do prazer de competir e da alegria que esses momentos proporcionam;
- elogiar o esforço e o progresso conseguido;
- aplaudir todos os bons desempenhos, seja quem for que os realize.

Ao mesmo tempo que refere estas áreas onde a intervenção poderá ser favorável, pelo contrário, é aconselhado aos pais dos jovens praticantes a não tomarem qualquer das seguintes atitudes:

- forçar excessivamente o envolvimento dos seus filhos na prática desportiva;
- provocar, comentar ou interferir no trabalho dos juízes;
- tecer comentários negativos, principalmente em público e em voz alta, sobre outros praticantes, outros pais ou acerca dos árbitros;
- interferir com o treinador do filho e com o trabalho que aquele realiza;
- criticar os resultados alcançados pelo seu filho.

Os pais devem ainda desenvolver expectativas realistas quanto às prestações dos filhos, evitando sobrevalorizar os resultados alcançados por estes nas etapas iniciais das suas carreiras.

Algumas recomendações que o treinador deve fazer aos pais dos jovens praticantes:
Os pais devem permanecer sentados ou na área reservada aos espectadores;
Os pais devem acompanhar de forma discreta as actividades dos filhos;
Os pais devem evitar fazer comentários ofensivos ou desagradáveis aos praticantes, aos pais dos adversários, aos árbitros ou a outras personagens;
Os pais devem evitar considerar como uma tragédia, uma derrota ou os erros cometidos;
Os pais devem aceitar e reforçar a autoridade do treinador;
Os pais, fora do quadro dos treinos e das competições, devem evitar:
- ser negativamente críticos para os seus filhos;
- pressionar os filhos;
- desenvolver expectativas irrealistas quanto à prestação dos filhos.


Código de comportamento dos pais

- Se uma criança ou um jovem revela interesse em praticar desporto, encorajem essa participação: contudo, se eles não quiserem praticar desporto não forcem essa sua presença;
- observar mais o esforço deposto e a evolução das capacidades do que o resultado final da competição; ao reduzir a importância das vitórias está a ajudar o jovem a traçar objectivos realistas em função das suas capacidades;
- ensinar as crianças e jovens que um esforço sério é tão importante como uma vitória, pelo que o resultado da competição deve ser aceite sem qualquer frustração;
- encorajar as crianças e jovens a praticar a sua modalidade sempre de acordo com as regras;
- Nunca ridicularizar ou gritar com uma criança ou um jovem por ele ter errado ou ter perdido uma competição;
- recordar sempre que as crianças e jovens aprendem melhor pelos exemplos; aplaudir sem receios as boas exibições e as boas marcas feitas por qualquer praticante;
- se discordar do árbitro ou do juiz, recorrer aos canais mais apropriados, evitando a todo o custo questionar essa decisão ou a sua honestidade em público; lembrem-se que os árbitros, na sua maioria, também se esforçam por colaborar para a melhor qualidade da prática realizada pelos vossos filhos;
- apoiar todos os esforços que procurem eliminar do desporto tudo o que seja abuso verbal ou físico;
- reconhecer o papel dos treinadores voluntários, que dão muito do seu tempo e das suas possibilidades para possibilitar as actividades recreativas para esses jovens e que merecem todo o vosso apoio.”